Lewis Morgan designou três grandes períodos étnicos que
marcaram a história humanidade: a Selvageria, a Barbárie e a Civilização.
Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de
Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP
De acordo com a teoria evolucionista da humanidade, a
história do homem seguiu, desde sempre, um mesmo caminho, linear e progressivo.
Analisando algumas condições entendidas como universais, pode-se traçar o
caminho realizado pelo homem desde seus primórdios até os dias de hoje,
evidenciando uma diferença temporal entre aqueles que ainda não possuíam
determinados estágios desenvolvidos.
Seguindo a tendência de alguns etnólogos, que tinham como
base no séc. XIX a Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin, Lewis
Morgan determinou que as condições básicas que se pode analisar em cada estágio
da história humana são, por um lado, as invenções e descobertas e, por outro
lado, o surgimento das primeiras instituições. Dessa forma, constatam-se alguns fatos
que marcavam a gradual formação e desenvolvimento de certas paixões, ideias e
aspirações, comuns aos humanos em cada estágio. Estes fatos são:
1. A subsistência;
2. O governo;
3. A linguagem;
4. A família;
5. A religião;
6. A arquitetura;
7. A Propriedade.
Cada um desses fatos e seus desenvolvimentos caracterizariam
a formação de um período étnico, permitindo a sua identificação e distinção dos
demais. De forma geral, Morgan designou três grandes períodos étnicos da humanidade: a
Selvageria, a Barbárie e a Civilização. Vejamos como ocorreram:
A selvageria iniciou-se com o surgimento da raça humana,
adquirindo uma dieta à base de peixes e também desenvolvendo o conhecimento e
uso do fogo, chegando, por fim, à invenção do arco e flecha;
A barbárie é a fase imediatamente posterior à selvageria,
tendo como característica distintiva a invenção da arte da cerâmica. É também
caracterizada pela domesticação de animais, bem como do cultivo de plantas
através de um sistema de irrigação. O uso de tijolos de adobe e pedras na
construção de moradias também fez parte deste período. Por fim, a invenção do
processo de fundição do minério de ferro e o uso de ferramentas deste metal.
A civilização, período ao qual pertencemos, tem início,
conforme Morgan, com a invenção do alfabeto fonético e o uso da escrita e
estende-se, como dito, até a atualidade.
É assim que Morgan entende o sentido da evolução humana. Em
cada uma dessas etapas, as invenções passaram por um processo de adaptação
progressiva. Pode-se entender que o homem civilizado, porque tem armas mais
sofisticadas, instrumentos que exijam uma tecnologia mais avançada e
instituições mais consolidadas, é o padrão de referência para o julgamento dos
homens nos tempos anteriores a esse status. Mas, será que o índio ou o
aborígene não tem cultura? Não seguem regras e não possuem também linguagem?
Essa crítica pode ser levantada, pois a chamada civilização torna-se juiz de si
mesma, isso criou o que conhecemos na história como Etnocentrismo, ou
seja, uma etnia no centro, julgando as outras a partir de suas próprias
condições.
Portanto, é deste modo que a sociedade atual fala em
progresso, em evolução e institucionalização, pois segue a ideia clássica de
que a humanidade tem uma mesma origem no tempo, embora em espaços diferentes,
mas que aquelas sociedades que se livram das condições de estágios anteriores,
alcançaram o nível de civilidade, enquanto as outras que não se livraram dessas
mesmas condições continuam, seja num estágio de selvageria, seja num estágio de
barbárie.
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