domingo, 15 de abril de 2012

História da moda


Pré história

As últimas culturas paleolíticas da Europa viveram no final da última Era Glacial. Alguns detalhes das vestimentas tinham seu fundo psicológico e social mas a grande necessidade era a proteção contra o frio. 

O homem primitivo passou a caçar não só para comer mas também para utilizar suas peles. Descobriu-se que só a pele sobre o corpo era algo desconfortável pois os movimentos eram restringidos e parte do corpo ficava exposta, um outro problema era o ressecamento da pele que as deixavam duras. 

Um meio descoberto posteriormente para deixar as peles maleáveis era a mastigação, tarefa destinada às mulheres. Uma outra técnica mais apurada era molhar a pele e sová-la com um malho após a retirada de todos os fragmentos de carne. 

Mais adiante, algumas tribos descobriram que o óleo ou a gordura de animais marinhos ajudava quando esfregados na pele para deixá-la maleável por algum tempo.O curtimento veio a seguir com a descoberta de que certas árvores, especialmente o carvalho e o salgueiro, contém um ácido (o tânico) que pode ser extraído quando as cascas de árvores são mergulhadas em água. Após ficarem nesta solução por um tempo as peles se tornavam maleáveis e à prova d'água. 

A partir da técnica do curtimento as peles podiam ser cortadas e moldadas e então surgiu uma das maiores invenções do homem: a agulha de mão. Arqueólogos acharam agulhas com idades de 40 mil anos em cavernas paleolíticas, geralmente feitas de marfim de mamute, ossos de rena ou presas de leão marinho. Com a agulha foi possível costurar pedaços de peles e moldá-los ao corpo. O resultado ainda pode ser visto nos esquimós nossos contemporâneos. 

Povos primitivos de climas mais temperados descobriram a utilização de fibras animais e vegetais. Talvez a feltragem (processo desenvolvido na Ásia Central, onde lã e pêlos são penteados, molhados e colocados em camadas sobre uma esteira, a seguir enrola-se a esteira com força e bate-se com uma vara, os pêlos são compactados formando um feltro que pode ser cortado e costurado para a confecção de roupas e tendas. 

A utilização de fibras vegetais, com o aproveitamento da casca de certas árvores era uma outra técnica, casacas de amoreiras ou figueira eram mergulhadas em água e três camadas eram colocadas sobre uma pedra, fazendo-se que ficassem em um ângulo reto. As camadas eram sovadas até que se ajuntassem e depois passava-se um óleo ou uma tinta para que durassem mais. Esta técnica é semelhante a usada pelos egípcios para fabricar papiros. 

O uso de cascas de árvores e peles de animais caracterizavam povos nômades. Em povos com uma cultura pastoril (Era Neolítica) a utilização de lã de ovelhas e o desenvolvimento do tear eram técnicas mais refinadas que estabeleceram a manufatura de tecidos e tornaram as roupas mais ou menos semelhantes ao que conhecemos. A maneira mais simples de se utilizar um tecido era enrolar um retângulo de pano em volta da cintura, fazendo um "sarongue". Mais tarde um outro pedaço de pano era enrolado sobre os ombros e atados por prendedores. 

Povos da Mesopotâmia 

Sumérios
Vestígios da civilização suméria (III a.C) mostram pessoas usando saias compostas por tecidos com o borda formada com tufos de lã, dispostos simétricamente que dão às roupas um aspecto "franjado". Este tipo de roupa era usado por homens e mulheres. 

As mulheres de classes superiores e altos dignatários costumavam usar este tipo de roupa, mas aos poucos foram substituindo por uma túnica com mangas. Acredita-se que as mangas e o uso de botas foram influência de povos da montanha que viviam ao redor da região entre o Eufrates e do Tigre. 

Homens e mulheres usavam cabelos compridos, e os cabelos assim como as barbas eram cacheados, e até entremeados com fios de ouro. O adorno de cabeça para os homens tinha o aspecto de um vaso invertido. As mulheres casadas eram obrigadas a usarem um véu em lugares públicos. (uma lei de 1.200 a.C, que ainda prevalece até hoje). 

Persas e Medas 

Os persas dominaram a civilização babilônica no século IV a.C . Como vinham de regiões montanhosas e frias usavam trajes quentes que foram substituídos pelas túnicas franjadas e mantos dos povos conquistados. 

Além de linho e lã usavam também seda trazida da China pelas caravanas. Usavam um chapéu macio de feltro, e botas fechadas de couro com a ponta ligeiramente voltada para cima. Inovaram com o uso de calças que passaram a ser consideradas um traje típico persa. 

Os medas que também participaram das conquistas persas, usavam os mesmas roupas mas um pouco mais largas e volumosa. O adorno da cabeça era diferente, um chapéu redondo de copa chata ou um capuz. 

As mulheres usavam o mesmo tipo de roupa só que um pouco mais ampla e comprida. 

Egito 

Os trajes egipcios eram muito sumários. Pessoas de classes baixas e os escravos andavam quase nús. O uso de roupas era uma distinção de classes. Os trajes egípcios quase não mudaram em 3.000 anos. 

Durante o antigo império (antes 1.500 a.C) o traje mais comum era o chanti, um pedaço de tecido usado como uma tanga e preso por um cinto. Para os reis e sua corte eram pregueados e engomados.

No novo império (1.500 a.C até 332 a.C) os faraós usavam uma túnica semi-transparente, longa e franjada chamada calasires por baixo era possível ver o chanti. Esta túnica era feita de um pano retangular, quando era usada pelas mulheres era ajustada na altura dos seios e presa nos ombros por alças. Uma capa curta poderia cobrir os ombros, ou o pescoço era circundado por uma gola larga, deixando os seios descobertos. 

As fibras de animais eram consideradas impuras (tais como lãs), então os egipcios preferiam as fibras vegetais como o linho, que poderiam ser facilmente lavadas. 

Os homens, por motivos de higiene, raspavam a cabeça e usavam um adorno feito com um quadrado de tecido listrado que circundava as têmporas e formavam pregas atrás das orelhas. Em cerimônias especiais usavam perucas, confeccionadas de cabelo, fibras de linho ou palmeira. As mulheres jovens também raspavam o cabelo, as mais velhas frisavam ou ondulavam os cabelos. Os egípcio não usavam chapéu, somente o faraó usava a coroa, algo como um elmo cônico. Os guerreiros usavam capacetes de metal. 

A vestimenta egípcia foi aos poucos se modificando por influência estrangeiras, principalmente a grega. 

Creta 

O período da construção do palácio de Cnossos foi o mais marcante da história cretense (1750 a 1400 a.C). Deste período é que se obteve a maior parte do material para a reconstrução desta civilização. 

A vestimenta masculina consistia essencialmente de uma tanga, que podia ser de lã, linho ou couro. Eles não usavam "blusa", apenas um cinto, adornados com placas de metal(ouro,prata e bronze) trabalhadas Na cabeça algumas vezes poderiam usar uma espécie de turbante ou gorro. 

As mulheres usavam um tipo de tanga alongada até o solo, e a sobreposições de tecidos davam um aspecto de haviam babados que até pareciam com a moda do século XIX. A cintura era extremamente marcada e muito fina (talvez pelo uso de cintos apertados desde a infância). As cretenses também usavam um tipo de corpete que terminava sob os seios, os deixando à mostra. Seus cabelos eram penteados de diversas formas e seus penteados eram complementados por um tipo de chapéu muito elegante. 

A paixão por cores fortes (azul, vermelho, amarelo e roxo) desta civilização pode ser notada pelos afrescos preservados da época. As jóias eram muito apreciadas: anéis,braceletes, golas e presilhas de cabelo. Os mais ricos usavam colares de lápis-lazuli, ágata, amestista e cristal de rocha intercalados por pérolas. 

Grécia

A roupa grega durante um longo período era composta de retângulos de tecidos de vários tamanhos, drapeados sobre o corpo sem um corte ou costuras. Era apenas "enrolado" sobre o corpo, com algumas variações. 

Do século IIV até I a.C, homens e mulheres usavam o que era chamado de quiton, os homens até os joelhos e as mulheres até os tornozelos. 

O quiton era preso por alfinetes e broches e usado com um cordão ou cinto em volta da cintura. O quiton dório era feito em geral de lã e o jônio de linho. O linho permitia maior variedade de dobras e às vezes usava-se um pouco maior que a distância dos ombros aos pés para permitir puxar o tecido sob o cinto formando uma "blusa". 

Ao contrário do que se pensa os trajes gregos eram coloridos, exceto os usados pelos pobres. Alguns membros das classes inferiores tingiam suas roupa com um tom de marrom escuro-avermelhado, prática rejeitada pela maioria das autoridades, mas os membros das classes superiores tinham maior liberdade, podiam usar vermelho, roxo, amarelo e verde. 

Roma

No início da história romana existiu uma forte influência do povo etrusco que habitaram primeiramente a península itálica até o 1º milênio a.C. Os trajes etruscos se pareciam com os cretenses, com o uso da túnica-veste costurada e um tipo de toga que feita com um semi-círculo de pano, às vezes esta "toga" era retangular e formava uma espécie de capa. 

As mulheres usavam uma veste longa e justa, sem cinto, que poderia ter uma meia manga ou uma abertura nas costas, fechada por fitas e sobre esta veste usava-se uma capa longa e retangular. Os etruscos calçavam uma espécie de bota alta, amarrada e com a ponta virada para cima, obviamente uma influência da Ásia Menor. Estes trajes etruscos desapareceram após o domínio romano sobre a região e somente a toga permaneceu tornando-se uma característica marcante no traje romano. 

A toga era essencialmente usada pelas classes superiores, pois exigia habilidade para drapeá-la em volta do corpo e impedia atividades mais vigorosas. Os senadores eram conhecidos por suas togas brancas. Menino romanos livres usavam uma toga com uma borla roxa até atingirem a puberdade, a toga praetexta , então em uma cerimônia era substituída pela toga virilis branca. Durante períodos de luto ou cerimônias religiosas usava-se uma toga de cor escura. Por volta de 100 d.C a toga começou a diminuir de tamanho. 

Por baixo da toga, no período da República, os homens usavam um saiote simples de linho que durante o Império foi substituído por uma túnica costurada, equivalente ao quiton grego. Esta túnica era feita com dois pedaços de pano costurados e era vestida pela cabeça e presa por um cinto, seu comprimento era até o joelho mas em ocasiões especiais chegava até o chão. 

Trabalhadores e soldados usavam somente a túnica, sem a toga por cima. Quando esta túnica possuía mangas era chamada de dalmática e quando era totalmente bordada era chamada palmata. 

Os romanos com suas rígidas tradições não aprovavam as calças curtas nem as compridas adotadas pelas tribos bárbaras. Mas acabaram sendo aceitas principalmente pelos soldados. 

No inícios os romanos usavam barbas, mas a partir do século 2 a.C começaram raspá-la, tornando-se este costume universal. Os cabelos eram curtos, mas os mais elegantes os anelavam cachos com pinças quentes. 

As roupas femininas eram muito semelhantes às masculinas, exceto pelo uso de um corpete macio conhecido como strophium. A túnica era mais comprida do que a masculina e chegava até os pés. Podia ser feita de lã, linho ou algodão e as romanas ricas usavam de seda. Ao contrário do que pensa seus trajes eram coloridos: vermelhos, amarelo e azul eram as cores preferidas e também costumavam ser ornamentados com uma franja dourada ou ricamente bordados. Sobre a túnica usava-se a stola parecida com a toga, era usada em público. 

Era comum cobrir a cabeça em público, mas os penteados eram muito importantes para as romanas, e se tornaram muito elaborados na época de Messalina, requerendo os serviços de uma ornatrix, que passava horas arrumando os cachos das senhoras em mechas e num coque conhecido como tutulus. Os cabelos louros eram uma moda e mulheres de cabelos escuros faziam descolorações, também era comum o uso de perucas e apliques. Os luxos das jóias era também apreciado, homens e mulheres as usavam. Técnicas como esmaltagem e damasquinagem foram trazidas do oriente, e as mulheres usavam brincos, colares, pulseiras, tornozeleiras, anéis e tiaras para o cabelos em ouro , pedras preciosas, marfim e até camafeus. 

Os romanos usavam sandálias, a princípio muito simples, feitas com uma peça de couro não tingida, e presa por tiras. Eram usadas pela maioria dos cidadãos romanos mas não pelos escravos. Dentro de casa usava-se chinelos, que podiam ter variadas cores e até pedras preciosas como os usados por Nero. Nos dias chuvosos usava-se coturnos e botas fechadas uma influência gaulesa. 

Idade Média

O império romano sempre esteve cercado por povos bárbaros que vez ou outro invadiam seus domínios, eles era: teutões, tribos do norte conhecidos por godos que se subdividiram em: ostrogodos que rumaram para o leste (região da Rússia) e visigodos que invadiram a região da Espanha. Os hunos vindos da Mongólia também invadirão o império romano. Outras tribos como os gauleses e o bretões adotaram costumes romanos, mas os francos que deram origem aos merovíngios que acabaram dominando grande parte da atual França e influenciando outros povos. 

As escavações arqueológicas indicam o uso de trajes de linho em forma de túnicas até os joelhos chamada gonelle, esta túnica podia ser bordada nas extremidades e presa por um cinto. Os guerreiros usavam túnicas resistentes algumas feitas de couro e recobertas com placas de metal. Os homens usavam calções, às vezes até o joelho, deixando as pernas descobertas. 

O vestuário feminino era constituído por uma túnica longa adornada por faixas bordadas. Os braços ficavam nus. Broches prendiam as roupas aos ombros e usavam cintos de couro, sobre os ombros usavam um tipo de lenço drapeado. 

Nesta época homens e mulheres tinham os cabelos compridos, as meninas e os homens os deixavam soltos e as mulheres casadas os prendiam. Não se usava chapéu. 

Por volta do ano 1000 o vestuário feminino das mulheres anglo-saxônicas consistia de uma túnica, vestida sobre uma camisola, uma sobretúnica, vestida pela cabeça e puxada sobre o cinto para mostrar a peça de baixo (ela possuía bordados junto ao pescoço, na barra e nas mangas), e um manto no comprimento da túnica e preso sob o queixo. Os cabelos eram presos com um véu que cruzava o peito e caía até os joelhos. 

Renascimento

O nascimento da moda no Ocidente
 

A moda nunca foi tão democrática quanto atualmente, durante séculos, o vestuário respeitou limites de classes sociais, hierarquias, profissões e sexo. Era como um sistema de castas onde cada um somente vestia conforme o seu papel social. 

Leis suntuárias descrevia o que era permitido vestir, assim plebeus não podiam se trajar como nobres assegurando-lhes a distinção de classes de uma maneira ostensiva. Durante muitos séculos as classes subalternas ficaram de fora do círculo da moda. 

No século XIII e XIV um processo de enriquecimento da Europa houve o fortalecimento do comércio e as atividades mercantis começaram a se desenvolver, surge um novo estrato social, a burguesia. Este burguês, novo rico quer se parecer ao máximo com a nobreza e investe em aparência, usando tecidos caros e jóias. Neste momento na França, Espanha e Itália vem o troco da nobreza com a multiplicação das leis suntuárias alegando o "esbanjamento" de metais preciosos e gastos indevido com produtos importados, mas no fundo era uma tentativa de "colocar cada um no seu lugar" novamente. Mas a imitação do vestuário nobre continuo à medida que a classe média foi surgindo juntamente com a burguesia: advogados, pequenos comerciantes, enfim os "pequeno burgueses". 

Na metade do século XIV uma grande revolução acontece, eis que definitivamente surge a moda. Homens e mulheres passam a se vestir de maneira diferente, adquirindo cada qual novas formas. 

Os homens começam a usar o gibão, um espécie de colete curto acolchoado na frente e apertado para realçar o peito, acabava na altura dos quadris e era usado com um cinto. Sobre o gibão vestia-se uma sobretúnica, decotada, justa e abotoada na frente, com borlas enfeitadas e mangas amplas. 

A "beca" também era um traje característico da época, era ajustada nos ombros e caia solta, presa por um cinto, o comprimento era variado (mais comprida para cerimônias especiais) e as mangas amplas, a gola era alta e reta. 

As mulheres se vestiam de maneira menos extravagante: um vestido justo até a cintura e abrindo em uma saia pregueada até o chão, as mangas eram justíssimas e sobre o vestido uma sobretúnica, com mangas enfeitadas de fitas. A inovação nos trajes femininos vem em meados do século XVI, onde os decotes começam a ser explorados, o abandono do véu, e um corpete de vestido ajustado que tinha o efeito de um espartilho apertado. 

A partir do estabelecimento das formas "femininas" e "masculinas" , as roupas passaram a se modificar em períodos de tempos cada vez mais curtos, antes passavam-se séculos e as vestimentas não se alteravam em nada agora os saltos da moda eram dados para manter o status da nobreza pois seus trajes eram copiados por burgueses e pequenos burgueses num efeito cascata. 

O vestuário não era mais originário de uma memória coletiva mas era o reflexo do gosto e das preferência de reis e poderosos. O vestuário se torna uma forma individual de expressão, pois era preciso manter o afastamento social e a fórmula encontrada era a constante renovação, como as análise de Veblen concluem que o consumo das classes superiores obedece ao princípio do esbanjamento ostentatório, o que atrai a estima e a inveja, o que no fundo não deixa e ser a rivalidade entre os seres humanos e uma eterna luta de classes. 

Considerando a nobreza e a burguesia emergente podemos notar este nascimento pelo gosto das novidades, mas o que acontece nas classes menos favorecidas? Bem sabemos que existe sempre uma tendência à não aceitação do novo por parte destas classes, extremamente tradicionais não adotam mudanças facilmente, uma vez que suas condições também impedem a constante renovação, além de serem atingidos pelas leis suntuárias, estas classes que também era compostas de membros pertencentes à guildas, mestres e aprendizes que se vestir de acordo com a hierarquia era um motivo de orgulho e tradição, portanto abandonar o traje que os distinguiam dos demais para adotar modismos era fora de questão, até porque estes poderiam ser expulsos de suas corporações. 

Ao mesmo tempo que se cristaliza este espírito de pertencer à uma corporação nasce também um sentimento de nacionalidade, cada vez mais forte desde o final da Idade Média. Não podemos deixar de notar que a moda nascente deixou bem claro a distinção cada vez maior dos trajes adotados por diferentes nações, começa surgir a roupa nacional, reforçando a identidade e contribuindo para o aparecimento da consciência cultural nacional. Cada Estado passou a se distinguir dos seus vizinhos com o uso de elementos singulares, mas quando a política e a economia qual seria a nação dominante a maneira de se vestir da nobreza e da burguesia tendia à absorver elementos desta nação que estava em voga no momento, fenômeno que podemos sentir até hoje na maneira de nos vestir. Por uma lado temos a nobreza e a burguesia procurando a individualização pela moda e, contraditoriamente, a maior parte da população buscando a adoção de um padrão comum e um senso de identidade pela uso de determinados trajes típicos. Os trajes nacionais hoje em dia fazem parte do folclore e só são usados em ocasiões especiais, festas ou ocasiões onde se fazem necessário para relembrarmos de nossas origens. 

Durante o Renascimento e os séculos seguintes podemos notar o exagero cada vez maior promovido pela nobreza na tentativa de manter o seu status quo. Com o desenvolvimento da grandes navegações houve um enriquecimento rápido na Europa, o comércio com o Oriente e a exploração colonial permitiu o acesso à riqueza e novos materiais de luxo, o padrão de vida em algumas cidades européias aumentou muito e a nobreza se tornava cada vez mais sofisticada, assim como toda a corte que a acompanhava, que aumentou em número de pessoal e nas despesas já que era necessário acompanhar o luxo dos governantes. Além da produção de roupas os acessórios tornaram-se indispensáveis como as perucas, assim surgia novos profissionais especializados na criação e manutenção destes acessórios, as frivolidades da moda foram crescendo e o ritmo de mudanças era cada vez mais rápido, meses, semanas, dias... 

A influência maior na moda do período foi da Itália, fazendo muitas modificações nos trajes medievais, os sapatos não eram mais pontudos, adquiriram um bico largo. O recorte nas roupas (fendas nos tecidos que deixavam ver o forro por baixo) foram adotadas até 1500 aproximadamente, não só o gibão, mas os calções também eram recortados, formando roupas compostas por tiras. As meias eram costuradas nos calções. Os chapéus masculinos tinham a forma de boinas e os camponeses usavam chapéus de abas largas. 

Nesta época o vestuário feminino era mais discreto que o masculino, era composto de saias amplas e bordadas, blusa e uma beca caindo em pregas até o chão com a cintura marcada, as mangas tornam-se largas. 

As roupas das classes altas durante a primeira metade do século XVI eram de cores vivas, o vermelho era a cor mais usada, os tecidos mais usados eram o veludo e o cetim. 

A outra metade do século deu lugar à moda espanhola e do predomínio do preto, outras mudanças ocorreram, o gibão passou a ser acolchoado, a fim de encorpar o usuário na região do peito e deixar a cintura mais fina, os espartilhos também eram usados por homens deixando a pessoa com a postura rígida, aparece o rufo que contribui mais ainda para o ar aristocrático da elite, mostrando que tais pessoas não precisavam trabalhar, com o passar do século o rufo foi aumentando. O rufo feminino era aberto na frente deixando o colo exposto. 

O século XVI foi marcado pela rigidez das roupas, o corpete das roupas femininas era engomado e mantido no lugar com barbatanas de madeira não flexíveis. A saia era armada pela "farthingale", uma anágua armada por arcos de arame, madeira ou barbatanas de baleia, surgiu na Inglaterra em aproximadamente 1545 e são ancestrais das crinolinas ou anquinhas do século XIX. Os homens neste século passaram à usar capa, feitas em tecido caros, e meias feitas em tricô. 

Século 17

A influência espanhola sobre a vestimenta continua mas ocorreram certas modificações, como o abandono do gibão acolchoado e o alargamento das mangas, em alguns países o rufo diminui, mas na Holanda a tendência ficou mais forte. 

A moda masculina da época é associada ao estilo "três mosqueteiros", calções, gibão, capa curta pendendo no ombro, chapéu de aba larga adornado com uma pluma e as botas com a extremidade superior virada, às vezes até enfeitada com renda. Os sapatos quando usados eram enfeitados com fitas, laços e rendas. 

As roupas femininas, ainda eram elaboradas, mas pareciam mais naturais, o rufo foi sendo substituído pela gola caída. O traje feminino consistia em um corpete, anágua e beca. O corpete era decotado e amarrado com uma fita de seda na frente, esta parte da frente era coberta por uma "piece" ou "plastom". As mangas eram exageradas e bufantes. A saia era formada por duas peças, uma drapedada (em cima) que revelava a de baixo. As golas caídas foram se tornando sofisticadas com apliques e borlas em renda. 

As mulheres usavam na primeira metade do século, os cabelos rente no alto da cabeça e cachos do lados. Para sair usavam pequenos capuzes pretos ou xales de renda sob a cabeça. Esta era a moda francesa, usada também na Inglaterra. 

Na Holanda as roupas eram mais conservadoras, o predomínio era do preto e o rufo foi mantido, tornando-se maior com o passar do tempo. Mas a supremacia da moda no século XVII foi mesmo francesa e nunca a moda tinha sido tão extravagante, apesar de certa continuidade o ciclo da moda perpetuava-se nos pequenos detalhes, calções mais largos e bufantes, cores diferentes, fitas, capas etc... 

Uma mania surgida em 1655 permaneceu por mais de meio século, era o costume de colar pintas no rosto, e estas não eram apenas redondas, podiam ter diversos formatos como estrelas e luas. Estas pintas eram feitas de em-plastos de seda preta. 

Em 1670 as golas de renda saíram de moda e usava-se um lenço para cobrir os ombros descoberto, isto na moda feminina que permaneceu "estática", enquanto isso o traje masculino passou por uma revolução quando o rei Carlos II, da França e sua corte adotaram um novo estilo: casaco justo, indo até a barriga da perna, sobre uma túnica aberta no peito, calções de corte espanhol e botas da cor da roupa. Falava-se na época de uma maneira "oriental" à "moda persa". Sobre a túnica usava-se um sobretudo para sair ao ar-livre. A evolução deste traje foi: o sobretudo chegando até os joelhos e abotoado, quase escondendo os calções, o casaco simples por baixo, os bordados em uma peça interna e a gola caída desaparecendo, em lugar da gola usava-se um lenço em musseline ou renda, este lenço ficou conhecido como "plastom". 

Os cabelos masculinos eram compridos, alguns homens e mulheres usavam apliques mas o efeito desejado era o natural. Após 1660 a peruca tornou-se um acessório indispensável e era de aparência declaradamente artificial. Algumas perucas eram imensas e pesadas. Por volta de 1690 estas perucas passaram à ser empoadas, hábito adotado por todos. 

Curiosamente nesta época as mulheres não usavam perucas mas buscavam a mesma imponência em seus penteados "altos", abandonados na virada do século. 

O chapéu masculino no final do século passava por modificações frequentes, mudando de proporções, finalmente surge o modelo "tricórnio" que durou um século, o seguinte. 

Século 18 

O estilo do século XVIII havia sido estabelecido no final do século passado. Em 1715 iniciou-se uma nova era na moda, as roupas femininas ficaram mais soltas e com linhas fluidas, as saias se ampliavam para o lado, chegando à 4,5 metros, sustentadas por meio de barbatanas de baleias e arcos de salgueiro. 

Existia dois tipos de vestidos os "abertos" e os "fechados". O vestido fechado consistia em um corpete e uma anágua, sem abertura na frente da saia, o vestido aberto tinha esta abertura em forma de V invertido, deixando aparecer a peça de baixo ricamente bordada, o bordado da anágua era acompanhado com o do corpete que possuía uma abertura na frente preenchida por um peitilho em forma de escudo e endurecido com papelão ou barbatanas. As mangas terminavam na altura do cotovelos, sendo que deixavam à mostra os babados da chemise. 

A roupa masculina consistia de em um casaco, colete e calção. O casaco justo até a cintura, sem gola com uma carreira de botões na frente, os punhos eram imensos e virados para cima no começo do século. Por baixo do casaco vestia-se uma camisa enfeitada com rendas no punho, no peito e na gola. O colete era muito bordado e feito de tecido diferente do casaco, no início do século o colete e o casaco tinham o mesmo comprimento. Os calções até os joelhos foram usados por todo o século, em 1735 estes passaram a ser usados por cima das meias. O chapéu tricórnio foi de uso unânime, intelectuais e camponeses os usavam sem dobrar as abas. 

Em 1760 começa à mudar o estilo das roupas, inicialmente esta mudança começou pela menor importância dada à corte francesa e uma valorização das roupas inglesas do "campo", a tendência era a praticidade e a simplicidade. Os casacos passaram a ser lisos, com os punhos mais estreitos, o chapéu tricórnio passou a ser substituído por um modelo de copa alta. 

Na década seguinte o vestuário feminino é que começou a mudar, os arcos da saia começaram a formar uma anquinha, o corpete passou a ser estufado produzindo um efeito de "papo de pombo", estes corpetes muito decotados exigiam que o colo fosse coberto por um lenço. Os penteados passaram a ser altíssimos e até armações de arame eram usadas, além disso tudo era coberto por pó branco e pomada para durar meses, este cabelos acabavam virando "ninhos de piolhos". Além deste penteados a cabeça ainda era adornada por pequenos chapéus que com o passar do tempo forma aumentando de tamanho. 

A revolução francesa foi um marco importante dentro da história da moda, a maneira e vestir do Antigo Regime foi abandonada. Os casacos bordados, os vestidos brocados, as perucas e os cabelos empoados desapareceram, o estilo da corte francesa foi extinto e no seu lugar entrou o estilo inglês do campo definitivamente. Assim os homens passaram à usar um casaco de caça comprido, botas ao invés de sapatos e coletes justos, os colarinhos eram altos e os lenços do pescoço volumosos. 

As roupas femininas mudaram completamente, forma abandonadas as anquinhas e os espartilhos, os tecido deixaram de ser extravagantes. Tudo agora era muito leve em cores pastéis ou branco, a cintura era alta, abaixo dos seios e os sapatos forma substituídos pelas sapatilhas sem salto. Os cabelos foram simplificados e o único adereço mais extravagante era uma pluma de avestruz. 

Século 19

No início dos século XIX as formas simples das roupas são influenciadas pelo estilo Neo-Clássico, após a Revolução Francesa as mulheres abandonaram os espartilhos, saiotes e saltos para adotar vestidos simples, semitransparentes que valorizavam o corpo por baixo do vestido geralmente em cores suaves, com a cintura marcada sob os seios. A conquista do Egito por Napoleão trouxe para a Europa uma onda de orientalismo, onde turbantes foram usados até na Inglaterra. Além desta moda oriental procurava-se atingir um efeito "clássico", linhas verticais como nos trajes greco-romanos. Os chapéus eram de palha lembrando trazendo uma nostalgia campestre para a cidade. Esta releitura do classicismo não dura muito tempo, logo começam resurgir as mangas bufantes depois a simplicidade é totalmente abandonada, por volta de 1820, a cintura volta para seu devido lugar, os chapéus voltam a ser enormes, as saias começam à inflar e as mangas tornam-se imensas. Na década seguinte as mangas inchadas desaparecem dando lugar para mangas justas. Em 1855 surge a grande marca do século XIX na vestimenta feminina , a crinolina, invenção da Imperatriz Eugênia. A mulher passa a ter a forma de um triângulo, auxiliada pelos xales, a partir do ano de 1859 a roda da crinolina começa à diminuir e o volume do vestido se aloja na parte posterior e não como um círculo em volta da mulher, a confecção das roupas passa a ser mais elaborada acentuando a curva no quadril. 

Com a invenção da máquina de costura por volta de 1870, houve uma revolução detalhes nunca antes imaginados puderam se materializar, tornou-se mais fácil produzir e começa a surgir a indústria do vestuário. 

Em 1884 a anquinha se concentra na parte de cima, a parte da frente do vestido torna-se rígida. Na década de 90 revive-se a silhueta de 1830, e na virada do século a mulher passa a ter formas esculpidas em forma de S. 

Além da crinolina e das anquinhas o espartilho com suas formas rígidas foi o grande artifício usado para tornar o copo mais atraente. Após ser abandonado por um período relativamente curto no final do século XVIII e início do XIX ele volta a ser indispensável, como foi em mais de 400 anos, para as mulheres, o espartilho volta mais flexível mais continua sendo uma prisão. 

Ao contrário da vestimenta feminina, em constante flutuações de estilo durante todo o século, o vestuário masculino seguiu um caminho da simplificação e austeridade. O início desta evolução começa com a adoção pela maioria dos homens europeus, ainda no final do século XVIII, pelo traje de montaria que dará origem à casaca, e o chapéu do caçador que dará origem à cartola. 

Os calções, usados até a década de 20 acompanhados pelas botas de montaria serão substituídos pelas calças, moda lançada pelo duque de Wellington. O luxo ainda persiste no uso do coletes e gravatas, que mostram ainda extravagância ou ainda as golas altíssimas das camisas. 

O Romantismo substitui este resquícios de excentricidade pelas gravatas pretas, lentamente as cores dos paletós, calças e coletes se harmonizam até se tornarem totalmente sóbrias. Em 1890 a cartola começa a ser substituído pelo chapéu de feltro. 

Existem duas grandes revoluções na moda do século XIX que reflete no século XX, independentemente de estilos surge a confecção industrial, com a invenção da máquina de costura, fazendo assim surgir pela primeira vez na história uma produção em massa de roupas consequentemente o barateamento do vestuário e a "popularização" da moda para uma pequena e média burguesia urbana que compra suas roupas em magazines. Na linha oposta disso, surge a Alta Costura, com a criação de modelos originais feitos sob medida para uma elite, a Alta Costura lança as tendência do ano, Charles-Fréderic Worth, funda em 1857 em sua casa a primeira maison do mundo. A moda mais uma vez tem o seu foco de atenção sobre a França. 

(http://christsantarelli.sites.uol.com.br/index.htm)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Origem do sobre nome


A origem do Sobrenome pode ser classificado em quatro categorias:
1. Sobrenomes de local
    Toponímicos: derivam do nome do lugar de procedência de seu portador inicial.
    Locativos: derivam de características topográficas do lugar de residência de seu primeiro portador. Ex.: Flávio Belmonte (monte belo).
2. Sobrenomes de parentesco
Patronímico: derivam do nome próprio do pai.
Matronímico: derivam do nome próprio da mãe
Na maioria dos países era comum o sobrenome derivar do nome próprio do pai. O sufixo inglês “son” agregado a um nome denota “filho de”. Aqui outros sufixos utilizados:
Noruega e Dinamarca: “sen”
Grego: “-pulor”
Polonês: “-wiecs”
Castelhano: “-ez”
Finlandês: “-nen”
Irlanda e Escócia: “Mac e Mc”
Quando um sobrenome inglês termina em “s” este pode indicar que pertencia a uma pessoa que estava a serviço de outra. Ex.: Parsons foi alguém que trabalhou para o Senhor Parson. Em outros casos o “S” também significa que o marido de uma mulher havia falecido e que portanto ela era viúva.
3. Sobrenomes apelativos
São aqueles que geralmente denotam características físicas da primeira pessoa a que ele foi dado. Ex.: Alexandre Costa Curta, José Calvo.
Em alguns nomes maiores foram abreviados gerando diferentes grafias. Ex.: Mezzeti é uma variante de Giacomazzeti.
Neste caso incluem-se os nomes de animais. Ex.: João Lobo.
4. Sobrenomes ocupacionais
Durante a Idade Média, a Europa era composta de vilarejos que pertenciam aos senhores. Estas vilas precisavam dos serviços de pessoas para arar a terra, cuidar dos animais, carpinteiros para construir casas e outros. As ocupações descreviam o trabalho desempenhado por cada indivíduo. Quando o escrivão registrava a pessoa em um arquivo era normal identificá-lo por meio de sua ocupação/trabalho. Os feudos precisavam destas pessoas e seus ofícios e muitas vezes os filhos continuavam desempenhando as mesmas atividades para os mesmos senhores feudais que seus pais haviam servido.
Outro método para identificar e distinguir indivíduos e famílias na Idade Média se iniciou com as cruzadas. Este consistia em identificar-se por meio de um escudo e brasão.